19 maio, 2007

Elegância

Já faz um tempão, recebi o texto grifado abaixo de minha irmã caçula, Carolina.

A gente faz um esforço danado pra explicar o sentido desse espaço, desse Blog, desse destilar de veneno.

Em muitas ocasiões, algumas poucas nesse espaço, mas outras tantas entre os contribuintes desse espaço e ao longo de minha existência, falo que a crítica ao tal Mundo Creme, nada tem a ver com atitudes polidas e politicamente corretas. Apenas passa por isso.

Nós humanos médios tendemos a pensar em educação com os olhos de serviço à francesa, com vários talheres; em não comer de boca aberta. Isso é polidez.

Com olhos de faculdade e pós-graduação; com falar inglês, francês e espanhol. Isso é graduação.

Em chamar negros de afro-americanos; índios de nativo-americanos. Isso é politicamente correto.

Talvez a grande crítica seja a respeito da prisão imposta por esse Mundo Creme. De estar sempre de bom humor, de ser sempre correto, politicamente, formalmente. Um saco!

O que o belo texto que minha irmãzinha enviou trata é da elegância.

Tenho aprendido com a vida, com as pessoas maravilhosas que nela se fazem presentes e mesmo com aquelas odiosas que parecem nada trazer, que a maneira mais fluida de viver passar por aplicar ou não a graduação, a polidez e o politicamente correto. Isso descreve um movimento de entrada e saída que eu ouso empacotar com o nome de elegância.

Bem depois desse preâmbulo absurdamente grande, mesmo para o falastrão que eu sou, deixo vocês com esse texto de Toulouse Lautrec.

Elegância

Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.

É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.

É uma elegância desobrigada.

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam.

Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas, no boca-a-boca.

É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas.

Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores para não humilhar os outros.

Falar da vida alheia é deselegante.

É possível detectá-la em pessoas pontuais.

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante.

Responder e-mails é elegante.

Evitar mentiras é elegante e evita constrangimentos.

É elegante não ficar espaçoso demais.

É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber que você teve que se arrebentar para fazê-lo.

É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.

É muito elegante não falar de dinheiro e status em bate-papos informais.

É elegante retribuir carinho e solidariedade.

É elegante o silêncio, diante de uma rejeição.

É elegante não interromper quando o outro fala.

Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.

É elegante a gentileza. Atitudes gentis falam mais que mil imagens e palavras.

Sorrir é sempre muito elegante e faz um bem danado para a alma. Mesmo em situações muito difíceis.

Oferecer ajuda é muito elegante.

Olhar nos olhos, ao conversar, é essencialmente elegante.

Respeitar e procurar entender os sentimentos e atitudes alheias é muito elegante.

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, imitá-la é improdutivo.

A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de posição social: é só pedir licença para o nosso lado brucutu, que acha que "com amigo não tem que ter estas frescuras".

Se os amigos não merecem certa cordialidade, os inimigos é que não irão desfrutá-la.

Educação enferruja por falta de uso.

(Toulouse Lautrec)

Um comentário:

Raquele Braga disse...

Elegante é reposnder o post do blog do amigo rs rs rs

Adorei o texto mas infelizmente seguei a conclusão... Não sou elegante.
Apenas por um único detalhe... Eu falo mal da vida alheia...
Afinal quem não faz que entre para o convento KAKAKAKAKAKA

Fora isso, tento aplicar elegancia em tudo... é bem melhor ser gentil e polido com a tia do café, a da faxina, o lixeiro, o presidente de uma empresa, o gerente, etc...

é uma pena eu ainda ter essa falha rs rs rs
queria ser elegante 100% ;-)