30 setembro, 2008

Crônicas: Com licença mas vou romper com a pauta


Com licença, mas vou romper com a pauta

Bem, vou direto ao ponto.

É absolutamente difícil para uma adepta da gestalt terapia falar do passado ou sobre que conselhos se daria em determinado momento do tempo da vida passada. Gestalt "terapiandos" tratam o momento, o agora, sem pensar muito nos "traumas" passados. É aquilo que incomoda no presente que deve ser ajustado.

Sou da linha de que aquilo que passou já era. O que importa é aprender com os erros e evitá-los no futuro. Ou em gerência de projetos é o que chamamos de lições aprendidas. Ou em ditado popular: Gato escaldado tem medo de água fria. Por isso, pensar na possibilidade de voltar a algum lugar do passado para me dar conselhos, vai contra meu jeito de pensar sobre a vida.

Viver para mim é agora. Viver é o presente, e como todo presente, pode ou não agradar. E como o agora e o presente são desconhecidos, acredito que viver seja também um risco, e não há conselho dado ao meu "eu" passado que mudará essa verdade.

Por isso N-A-O til: Não. Eu não vou voltar atrás para me dar conselhos.
Meus erros e acertos fazem parte do que sou. Se não fosse assim, eu não teria crescido, aprendido, mudado, melhorado.
Meu assunto é com o hoje, com o viver o presente de forma plena e com um planejar o futuro, se é que temos controle sobre isso.
Não, eu não me daria sequer um único conselho. Fui feliz do jeito que fui, sou feliz do que sou. Não mudaria absolutamente nada.

Longe de ser arrogância! Não pense que não errei. Sim, errei e muitas vezes eu errei feio. Mas não me arrependo deles. Porque isso só me deixaria amarguras e dissabores e me tornaria numa pessoa sem alegria e sem vida, sempre lamentando "o tempo que Dom Dom jogava no Andaraí".

Tive momentos tristes sim mas os agradeço por eles, porque apesar de serem consequencia de decisões "erradas" foram necessários. Porque os dias e momentos tristes existem para valorizarmos os momentos alegres, como por exemplo os sábados em família comendo churrasquinho vendo as crianças pulando na piscina numa gritaria de jardim de infância de deixar a dor de cabeça de qualquer um bombando de prazer.

Me desculpe se rompi com nossa pauta. Talvez se fosse o contrário, para mim funcionaria: Que conselhos você, com anos a menos daria para você hoje.

Ai eu poderia dizer do meu "eu" com 17 anos para o meu "eu" com 34 anos: não desista nunca dos seus sonhos, tenha sempre energia, vigor e coragem, arrisque-se sem temer, você ainda tem uma vida pela frente e muito potencial, acredite muito mais em você do que em qualquer outra pessoa, e por isso não dependa de ninguém para ser feliz e nem para realizar seus sonhos e não deixe que ninguém, nada, ou qualquer coisa te impeça de realizá-los, mas nunca abra mão de receber qualquer ajuda.

Me ver com 17 anos me dando conselhos foi revigorante. Me fez sentir novamente a energia da menina de cachos esvoaçantes senhora de si, e sem nada a temer. A leoazinha adolescente, dona da verdade, tocou a gata mansa que a maternidade e a responsabilidade da vida adulta me transformou. E esse foi sim, o melhor conselho que eu precisava, para seguir com o meu presente e vislumbrar meu futuro.

Raquele Braga

2 comentários:

Unknown disse...

Depois de um texto maravilhoso desses, voce está absolutamente desculpada por obedecer a pauta com tamanha rebeldia. Adorei -- e inclua a foto, que está linda!
beijo grande,

Andre disse...

Cláudia, entendeu porque eu amo essa menina?

Adoro essa subversão....