07 outubro, 2008

Crônicas; Sonhos, sons, silêncio.


Sonhos, sons, silêncio.
Adormeci depois de um longo dia, a espera de sonhos coloridos e divertidos. Sim, porque sou movida a risos, gargalhas, e gozos. Mas meu desejo na verdade se transformou num desespero angustiante.
O sonho esperado foi na verdade um pesadelo, desses sem pé nem cabeça, mas com certas mensagens reais e inquietantes.
Acordei, ao som da minha própria respiração, ofegante, tensa, triste, preocupada.
O peito subindo e descendo, o som anasalado insistindo compassadamente, sendo a trilha sonora daquele despertar sorumbático e tenso, como um instrumento de sopro quebrado:
Thinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Thunnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Thinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Thunnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Que sonho revelador. Que inquietação.
As perguntas inham e vinham. E o compasso continuava marcando o tempo da canção.
Thinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Thunnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Thinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Thunnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Da ofegante da respiração, tentei mudar o ritmo, para algo mais suave, como quem tenta a qualquer custo re-encontrar equilíbrio e paz para voltar a dormir.
E ao acalmar a respiração, pude ouvir ainda mais no silêncio.
E enquanto ouvia, pensava: Será que é verdade?
TUM TUM!!
A dor de imaginar aquele sonho real me doía o peito torturosamente. E o tambor forte soava ensurdecedor em mim.
TUM TUM TUM TUM TUM!
Revirei, ouvindo rangidos da cama com algum parafuso a apertar.
Revirei novamente, e nada soava tão alto naquele quarto quanto o som da angústia que sentia naquele momento.
TUM TUM!
Thinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Thunnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
TUM TUM!
Thinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Thunnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
A única coisa que poderia calar este som, era o próprio silêncio da noite.
A única coisa que poderia calar essa dor, era o próprio silêncio da alma, ainda que um silêncio dolorido.
E para alguém já cansada de ouvir essa canção sem graça, ao som desse silêncio, calei o tambor, calei o instrumento de sopro, calei os sons dos meus pensamentos. Me calei.
E adormeci.
Nada como dormir com as angústias e acordar com as certezas.

Nenhum comentário: